O Blog da Ju conversou com Danilo Blume, criativo da Agência Phocus e ganhador do 34ª Prêmio Colunistas Norte-Nordeste com a campanha realizada para O Estado do Maranhão, na categoria Meios de Comunicação. Com a sinceridade e inteligência que lhe é de costume, conta pra gente um pouco sobre a profissão e a própria vida. "O publicitário precisa ser atento a detalhes, precisa ser atento às coisas da vida, sejam boas, ruins, bonitas, emocionantes ou engraçadas. É da vida que a gente tira a matéria-prima para criar."
1. Por que a profissão de publicitário?
Demorei pra escolher o que eu queria. Até porque ninguém responde pequenininho à pergunta da mãe "O que você vai ser quando crescer, meu filho?", "Publicitário, mãe!". Geralmente alunos que só tiram boas notas no colégio têm a tendência de buscar cursos mais tradicionais. Eu me vi um pouco encurralado por isso, mas resolvi ser diferente, ousar. Sempre gostei de escrever, de livros, de música, e queria fazer algo na minha vida que pudesse englobar tudo aquilo que desenvolvi desde criança, tudo aquilo que aprendi a gostar. Porque eu sempre pensava: o que a gente mais faz na vida é trabalhar, então tem que ser uma coisa na qual eu me realize, da qual eu goste, com que eu me identifique. Foi uma fusão de dois lados: costumava ver de um lado minha mãe, poeta, professora e escritora e de outro meu pai, empresário, engenheiro, homem de negócios. E a publicidade é isso: talento, técnica e conhecimentos de diversas áreas da ciência para falar com o consumidor e alavancar negócios, marcas, conceitos, para gerar resultados - numéricos e/ou intangíveis - para oxigenar o mercado e o capitalismo. Daí a gente percebe como a publicidade contribui para a formação de uma mente empreendedora. Pensei, avaliei e escolhi: quero ser publicitário.
2. De onde vc tira inspiração?
Aprendi que nessa profissão, tudo é inspiração. Os livros - os científicos, os de literatura e até os de culinária - qualquer programa de TV - do mais cult ao mais besteirol - as revistas - inclusive aquelas de fofoca que todo mundo fala mal mas acaba lendo - os cds, as conversas do dia-a-dia, os shows, o trânsito, a bula do remédio, o google, o jeito de falar do sogro etc. O publicitário precisa ser atento a detalhes, precisa ser atento às coisas da vida, sejam boas, ruins, bonitas, emocionantes ou engraçadas. É da vida que a gente tira a matéria-prima para criar. Dos livros a gente tira o conhecimento para avaliar o que a gente cria. Ambos são extremamente importantes. Criatividade também é treinamento, você a desenvolve. Um dia é preciso entregar um job "pra amanhã", e não tem essa de "hoje eu não estou inspirado", você vai sentar na cadeira e vai suar até aparecer uma boa idéia que resolva o problema de comunicação do cliente. É inspiração e transpiração. Apesar de estar falando isto por último, minha maior inspiração, em primeiro lugar, vem de Deus, afinal ele é O Criador, meu norte e minha referência. Pra falar de criação, tem que falar com ele, que criou tudo.
3.Existe um certo deslumbramento de estudantes e até profissionais sobre a profissão. Pq acha q isso acontece?
Ser publicitário é diferente. É uma profissão dinâmica, envolve muita cultura, conhecimentos diversos e heterogênios. Assim como um ator, a gente se envolve com a realidade de cada trabalho. Por exemplo, se você cria para uma clínica de saúde, você precisa saber sobre aquele meio; se você cria para uma fábrica de pneus, você precisa saber sobre aquele meio; se for para uma faculdade... e por aí vai. O publicitário acaba entendendo um pouco de tudo, o que geralmente o torna uma pessoa mais interessante - quando não passa do ponto e acaba soando "chato", cá pra nós. Essas mudanças de tema "quebram" a rotina da profissão e fazem a gente se envolver cada vez mais com ela. O criativo se envolve com tanta coisa legal que acaba desenvolvendo uma sensibilidade aguçada. E quanto mais se sabe, mais se quer aprender, porque mais a gente entende que não sabe de nada. Leia de novo que essa ficou difícil...
4.O que é imprescindível pra ser um bom publicitário?
Um bom publicitário precisa saber ouvir o cliente (o empresário), buscar entender o consumidor, conhecer a fundo a forma de pensar do marketing, prestar atenção nos detalhes do dia-a-dia e da vida, precisa sair e conhecer lugares e cidades diferentes, precisa ler e estar informado, precisa incrementar sempre seu acervo cultural, precisa ter referências pra chegar a um nível de bom-gosto que surpreenda as pessoas, precisa reinventar metodologias e formatos, precisa aprimorar sua técnica específica dentro da publicidade, que possui diversas áreas. Acho que essas são premissas para se poder sonhar em ser um bom publicitário. Mas essas coisas são como o caminho de um navio no mar, que deixa um breve rastro e depois some. Cada um tem que fazer o seu caminho e estar atento às oportunidades que aparecem.
5.Como vc avalia o mercado publicitário maranhense hoje?
Tenho uma visão otimista do mercado publicitário maranhense. Vejo um campo aberto esperando por quem plante alguma coisa boa pra colher em breve. Quanto à qualidade, se vê muita coisa ruim na mídia, isso é verdade. Mas já vemos algumas coisas boas e já vemos campanhas premiadas. Na verdade, o mar de peças ruins acaba destacando as peças boas. Em termos de mercado, a publicidade vai avançar com o crescimento da economia local. Os novos projetos que trarão milhares de famílias para o Maranhão, nas adjacências da capital, trarão também um volume de capital expressivo para nossa economia, o que faz surgir muitas empresas que, para crescer e se estabelecer no mercado, precisarão cada vez mais das agências de marketing e propaganda. Quanto ao sucesso financeiro, também precisamos ser criativos, encontrar novas maneiras de rentabilidade. Precisamos montar estratégias que ultrapassem o nível do mix das mídias tradicionais, trabalhar de uma forma que ultrapasse o nível do funcionário de uma agência. Quando conseguimos fazer um cliente entender o retorno que ele pode ter com o investimento em marketing e propaganda, o porquê dos custos, ele paga. O mercado publicitário não se resume a agências. Qualquer empresa precisa de pelo menos 1 profissional como esse, e também há espaço para novas empresas no setor. Uma das maiores lacunas que vejo no mercado hoje diz respeito ao marketing. Muitas agências se transformaram em pizzaria delivery, meramente atendendo a pedidos. Falta aquele que diga "a solução para sua empresa é uma pizza metade peperoni e metade quatro queijos". Estou no time dos esperançosos que acreditam que em breve, o mercado estará bombando como nunca. O Brasil está de olho em São Luís e, no que depender de mim, ninguém de fora vai pegar a minha parte do mercado.
6. Uma propaganda q marcou...
O filme de lançamento da campanha "O Estado 50 anos".
7. Como é o dia-a-dia de trabalho em uma agência como a Phocus?
Nosso dia-a-dia é muito bom. Temos reunião geral toda segunda-feira pela manhã. Dentro de cada job se formam mini-equipes que também se reúnem constantemente. Nossos diretores são profissionais fora de série, tanto o Daniel Caracas, diretor geral da agência, quanto o Roberto Forjaz, diretor de criação. É um espaço livre para a criatividade, uma equipe jovem, um pessoal que adora o que faz e é super competente - pra mim, alguns estão entre os melhores do Maranhão - além de ser um lugar de muita descontração e risada, sendo que todo mundo entra na brincadeira, do chefe ao zelador. Acho também um espaço de atmosfera e estilo moderno, faz a gente se sentir bem pra trabalhar. Na minha opinião, a Phocus começa a caminhar em nível regional, extrapolando a esfera local não só em termos de qualidade, mas em termos de visão.
8. Fale um pouco da campanha premiada no Colunistas Norte-Nordeste feita para o Jornal O Estado do Maranhão.
Foi um trabalho que desde o início a gente sabia que seria algo especial. Depois de diversas reuniões chegamos a um conceito que partiu do nosso diretor de criação. Sentei pra escrever o roteiro do filme de lançamento da campanha e à medida que escrevia fui percebendo que aquele era o melhor trabalho que já tinha feito na vida. Ao entregar o roteiro para o Bob aprovar, disse isso pra ele. Daniel, extremamente criterioso, não pediu alterações nesse roteiro - isso é raro - mas claro que nas outras dezenas de peças, sim. Foi fundamental o foco do departamento de marketing do jornal O Estado, com Laércio Junior e Macal, em fazer apontamentos de viés estratégico, sem intervenção na criação. O logotipo e os layouts da campanha, criados pelo meu amigo Carlos Baima, ficaram fantásticos. A marca virou até selo para os correios. O Baima é fera. Completando, um alto nível de excelência em uma produção de vídeo local, com Vinicius Vasconcelos, o próprio Daniel Caracas e Mondego. Áudios por Clube da Voz e Vox Home Studio. Ainda tem muita gente - veja a Ficha Técnica no site da Phocus - foi um imenso trabalho de equipe que resultou em prêmio e isso me alegra muito, já que chegou cedo na minha carreira, que está só no início.
9. Danilo, deixe um recado pra galera de estudantes de Publicidade&Propaganda.
Galera, o mercado é nosso. Estudem, viajem, criem oportunidades pra vocês. O campo está aberto, não existem só agências, não existe só a área de criação. Busquem diferenciação integrando o marketing à forma de pensar publicidade. Façam bons relacionamentos na faculdade, com os amigos, com os professores, tudo isso pode virar trabalho depois. Outra: o mercado maranhense está crescendo em termos de oportunidades, abram os olhos. Se você não vê isso, mude de cidade mas não mude de sonho nem de curso. E o curso de Publicidade&Propaganda quem faz são vocês. Articulem-se, façam grupos de estudo, façam eventos e seminários, façam concursos de criação, façam as aulas valerem a pena. Busquem saber mais que os professores. Vão aos maiores festivais, não fiquem só nos "congressinhos". O caminho do sucesso não existe, cada um faz o seu enquanto caminha. Por último e o mais importante, peçam a ajuda de Deus, aproximem-se dele, porque é possível ser feliz mesmo antes de ter conquistado todos os sonhos da nossa vida. É isso. Um abraço pra você e obrigado por ter lido tudo e chegado até aqui.
Confira daniloblume.blogspot.com
Pra olhar a campanha (O Estado 50 anos) acesse www.phocuspropaganda.com.br/premiocolunistas
ersidade de pessoas e consequentemente de pensamento. Em uma era que condomínios, sejam de casa ou ap's, são construídos freneticamente, é relevante a 'análise' constante no documentário, de que pessoas se aglomeram, mas nem mesmo sabem o nome do vizinho, ou muito menos suas aspirações, medos e alegrias. Edifício Master conta histórias interessantes como da menina que não tem qualquer receio em dizer que é prostituta, da jovem que não consegue olhar nos olhos do entrevistador pq tem fobia social, da banda de música formada por 3 rapazes que sonham com o sucesso, ou da jovem mãe solteira q tem um complicado relacionamento com o pai (foto). Enfim, é um rico trabalho, onde seu produto principal é o Ser humano.
ersidade de pessoas e consequentemente de pensamento. Em uma era que condomínios, sejam de casa ou ap's, são construídos freneticamente, é relevante a 'análise' constante no documentário, de que pessoas se aglomeram, mas nem mesmo sabem o nome do vizinho, ou muito menos suas aspirações, medos e alegrias. Edifício Master conta histórias interessantes como da menina que não tem qualquer receio em dizer que é prostituta, da jovem que não consegue olhar nos olhos do entrevistador pq tem fobia social, da banda de música formada por 3 rapazes que sonham com o sucesso, ou da jovem mãe solteira q tem um complicado relacionamento com o pai (foto). Enfim, é um rico trabalho, onde seu produto principal é o Ser humano.
